Lidar com as diferenças, com as incompletudes e também com as imperfeições que notamos em nós mesmos e nos outros é um convite para expandirmos a capacidade de compreensão, alongarmos as réguas de medir o mundo e lembrarmos que tudo e todos estamos em processo de desenvolvimento.
Lançamos fios todo o tempo. E os fios seguem seu rumo, fazem novelo, dão voltas, juntam-se a fios afins, e chegam, com cores renovadas, em tecido bem trançado. Assim, o fio lançado pode trazer uma dica importante, uma chave para abrir portas, um caminho mais tranquilo ou também trajetos sinuosos, chaves quebradas dentro da fechadura e cursos perdidos. Tudo de acordo com o fio lançado.
Nesta história um antigo segredo é revelado sobre uma das forças que podem mover as pessoas em direção umas às outras.
Os sabeus intuíam que, na vida, nossa jornada não é uma busca pelo amor, mas, encontrar as barreiras que construímos dentro de nós e que nos impedem de permitir o amor fluir, voar, ao nosso redor.
“A acepção dos seres humanos de que para cada pessoa exista uma alma complementar, é correta em si, mas não no sentido de uma cisão precedente. A alma dual é apenas aquela adequada a outra alma. Quer dizer, uma alma que desenvolveu exatamente aquelas faculdades que a outra alma deixou adormecer em si."
Abdruschin, Na Luz da Verdade – Mensagem do Graal
A individualidade de uma pessoa se manifesta em pequenas singularidades: as palavras preferidas que compõem o dicionário de sua fala, os movimentos estampados na tecitura de sua testa, o jeito de abranger o outro com o olhar, a maneira de enxergar certo tom de azul, o conjunto pessoal de conceitos e valores – vivenciados e convictos, ou simplesmente emprestados –, as capacidades e talentos que fermentam em seu interior…
Precisamos aprender a medicar nosso “eu interior” para o contentamento se transformar também em algo que saia de dentro para fora e não apenas entre de fora para dentro na forma de um novo perfume. Quando vem de dentro para fora, o contentamento pode durar a vida inteira e não apenas o tamanho do frasco.
Uma amiga me contou certo dia sobre o martírio dos almoços em família aos domingos, e sobre como naquelas ocasiões sofria críticas veladas por conta de seu estilo de vida e de suas escolhas.
Olhava da janela do avião frágeis montinhos de terra que se pronunciavam aqui e ali, como a provocar o mar.
Algumas ilhas eram um pouco maiores e denunciavam penhascos, guarnecidos de casas brancas enfileiradas, que se debruçavam na água, dando a entender que homem e mar dançam por ali uma melodia perigosa e sedutora.