“Os muitos sofrimentos humanos tiveram início no passado! Hoje cada um colhe apenas aquilo que no decorrer de suas muitas peregrinações terrenas semeou.”
Roselis von Sass, O Livro do Juízo Final
Desde cedo, a criança tem sua curiosidade despertada pelo mundo. A famosa fase dos “porquês” é intensa. As perguntas jorram sem censura, nascem das experimentações com o corpo, com a natureza e com os mais diversos objetos. Perguntas que são guiadas por estranhamento e muito encantamento. Perguntar pelos porquês é sinal de saúde, de vivacidade, instiga o ânimo por soluções, é uma janela para novas paisagens, possibilita a entrada de ar fresco.
Crescemos e continuamos questionando. Ignorar o ímpeto pelas perguntas que nos cutucam é uma forma de abafar a vivacidade interior que nos move em direção a buscas profundas. O que é vivo instiga ao movimento e não quer ser ignorado. Assim, muitas vezes somos sacudidos pela vida para um novo passo em busca de novas respostas.
Se o encantamento brota perguntas, o sofrimento, que inevitavelmente nos toca em algum momento da vida, também o faz. “A mais ninguém é possível viver surda e cegamente, colocando-se de lado, pois o sofrimento chega para cada um de alguma forma. Quer rico, quer pobre… ninguém fica preservado!”, escreve Roselis von Sass em O Livro do Juízo Final.
O sofrimento e a alegria vêm em ondas e sempre têm a potência de trazer novas percepções, são gatilhos para novas descobertas. O proveito que tiramos desses gatilhos depende de como reagimos perante as diferentes situações que a vida nos apresenta.
A ideia de autoria e responsabilidade está muito relacionada à nossa maneira de reagir aos acontecimentos. Quando não reconhecemos a própria responsabilidade em relação ao que a vida traz, buscamos os culpados, assumimos o papel de vítima. Quando assumimos a própria responsabilidade, ganhamos o poder de ação perante o que acontece, gerando novos desdobramentos.
Se não fossem as alegrias, os sofrimentos e o poder de questionar, seríamos, provavelmente, menos humanos e, certamente, menos interessantes e vivazes.
“Por que tanto sofrimento terreno? Por que, aliás, o ser humano vem ao mundo? Somente para sofrer e após um maior ou menor número de anos morrer novamente? Onde está nisso o sentido da vida? E por que um Juízo Final e um ajuste? E onde fica o livre-arbítrio que, conforme consta, o ser humano possui, se ele está exposto a todos os golpes do destino? (…)
Perguntas sobre perguntas!… E todas são justificadas. Cada pessoa que deseja encontrar a redenção deve ocupar-se com o ‘porquê’ das coisas. Erguer as mãos em resignação, em revolta ou em desespero, não adianta a ninguém. Ela deve pesquisar pelo ‘porquê’. Ela própria deve procurar! ”