“— A moça está ferida! começou ele, quando ninguém dizia uma palavra sequer. Ferida animicamente. (...)
— Quem poderia ter causado a ferida à moça? perguntou um dos alunos, pensativamente. E por que ela não sara?
— E o que podemos fazer se um outro provocou essa ferida, não sendo ela mesma quem a contraiu através de uma culpa?
— Nem sabemos como surgiu essa ferida!…
E assim continuava. Bitur esperou pacientemente até que todos se acalmassem, depois disse simplesmente que a ferida foi provocada por ‘palavras’. Palavras são perigosas, podendo machucar mais do que qualquer arma… Como ninguém retrucasse, provavelmente devido à surpresa dessa afirmação, explicando, ele acrescentou que a moça não podia esquecer as palavras que outrora a haviam machucado de tal modo, que a ferida não pôde sarar.
Dessa vez foi diferente. Os médicos forasteiros entenderam imediatamente quando Bitur falou que palavras eram perigosas e que podem ferir. Os incas olhavam pensativos à sua frente… Palavras que feriam, eles não conheciam. Somente depois, quando conheceram mais de perto membros de outros povos, compreenderam as explanações de Bitur.
— A moça será curada aqui. A cicatriz que naturalmente ficar não mais sobrecarregará o estado anímico dela.”
Roselis von Sass, A Verdade sobre os Incas