“Zoro-Tushtra olhou serenamente para sua pálida mulher, cuja fisionomia ainda lhe parecia mais linda do que todas as outras.
— Alegro-me contigo, Jadasa, concordou. Alegro-me especialmente por ser-te permitido ver, desde já, aquela maravilha. Podes falar-me sobre isso?
Jadasa encostou a cabeça contra a parede onde se achava apoiada, fechou os olhos e começou pensativamente:
— Claros e luminosos degraus conduzem a uma Luz que ninguém poderá descrever. E claros e luminosos entes ajudam as almas a transpor esses degraus para cima, cada vez mais para cima. Há jardins em ambos os lados desses degraus. Maravilhosas e aromáticas flores crescem neles, cuidadas por graciosos entes femininos.
Vejo pequenas crianças brincando com pura alegria. Cada vez mais claras tornam-se as figuras, cada vez mais fulgurante brilha a Luz. Vejo tudo isso, mas não posso descrevê-lo. Ser algum poderá fazê-lo. Tu mesmo o verás, meu amigo.
Sua voz tornava-se cada vez mais baixa. Escutando-a, ele temia que ela já houvesse partido, mas depois de pouco tempo ela abriu os olhos, sorrindo para ele.
Nenhuma das pessoas mais chegadas a ela queria deixá-la sozinha. Uma delas sempre ficava a seu lado, principalmente quando ela não mais podia deixar a cama, por suas pernas terem enfraquecido muito. Não sofria, mas uma canseira no corpo todo a impedia de qualquer atividade.”
Zoroaster, Coleção o Mundo do Graal