“Já vistes uma fruta roída por um verme? interrompeu-se aparentemente.
Os homens, não encontrando nenhuma conexão entre essa pergunta e a narrativa, olharam-no surpresos, mas logo responderam afirmativamente.
Aí ele continuou:
— De fora não se vê que dentro um bicho está corroendo. De início, aliás, o verme é tão ínfimo, que mal pode ser visto. A fruta tem um belo aspecto. Mas o verme cresce e, à medida que aumenta, consome a fruta de dentro para fora. Ela se estraga. Depois de algum tempo não é mais o fruto que deveria ser, mas sim, algo que causa nojo, sendo atirado fora. Compreendeis-me?
Nas almas humanas entrou um verme, pequeno e insignificante: a primeira desobediência ao grande e bondoso Deus. Ele tinha dito: Eu sou o Supremo. Ao Meu lado nada existe! Mas o ser humano achou que cada pessoa era para si mesma o que existe de mais importante e sublime. Ele não se colocouao lado de Deus, mas sim,acima Dele!
Não é assim, meus amigos? Refleti apenas um pouco!
Zoroaster calou-se para lhes dar tempo para raciocinar.”
Zoroaster, Coleção O Mundo do Graal
“Já existiu algum inventor que descobrisse algo, sem antes estudar minuciosamente as leis da natureza, adaptando-se a elas cuidadosamente?
Nenhum processo técnico, por exemplo, pode desenvolver-se sem que o ser humano se oriente exatamente pelas leis inamovíveis da natureza.”
Roselis von Sass, Fios do destino determinam a vida humana.
Em nosso contexto, é raro haver silêncio interno e externo. Internamente, cada um está com a mente repleta de palavras: um fluxo incessante de pensamentos, que dificultam perceber o significado essencial. Ao mesmo tempo, não abrimos espaço para ouvir: mal escutamos o que vem de fora, especialmente se não confirmarmos nossas ideias, logo pensando em como defender a própria visão. Assim, a palavra frequentemente confunde e separa, em vez de servir de ponte para uma comunicação autêntica.
"Tentar subir às alturas sem fazer pontes firmes é como ver um filme avançando sempre as partes menos importantes no anseio de se chegar ao fim. Quando se vê, no descuido do afã, perdeu-se sem querer a própria história, com suas pequenas e entretecidas ligaduras.
Uma teia de costura falha, só no alinhavo, com pontos longos e distantes que, ao menor sacolejo, se rompe inutilmente."
Caroline Derschner