Criança: muitas vezes um sorriso estampado já acompanha a pronúncia da palavra. Mas, não só isso. Ela vem também acompanhada de significados e sensações particulares: preocupação, dedicação, paciência, satisfação, uma certa melancolia... além de uma grande capacidade de despertar paixões.
Tão frágil, tão dependente e ao mesmo tempo tão capaz de transformar o mundo que a cerca. Quem nunca ouviu falar de uma mãe que parou de fumar pela saúde do bebê; de um parente próximo que, em nome de um bom exemplo, mudou de hábitos? É como se o nascimento de uma criança já viesse cercado por uma magia capaz de trazer progresso para os que estão em volta. Mas o progresso não para por aí. Outros desafios cercam os educadores: limites, equilíbrio, sins e nãos, carinhos e broncas são algumas palavras que entram com força em seu dicionário cotidiano.
Ultimamente, o mundo da criança tem sido muito questionado. Já houve um tempo em que as crianças eram talvez mais felizes e menos sobrecarregadas de cobranças e necessidades do mundo externo. Escola, idiomas, computação, esportes... Com uma grande sobrecarga, cultiva-se muito um lado e esquece-se de outros.
O corpo e a alma... Criança precisa de seu tempo de ser criança, de movimento livre, de natureza, de vida, de roupa e de conversa de criança. Não que ela não deva ter em mãos os instrumentos do futuro como a tecnologia e outros tantos conhecimentos, mas parece que o caminho do meio, equilibrado, ainda continua sendo o mais indicado.
Sonha-se com uma escola mais ligada ao mundo e aos elementos de interesse da criança, que forme pessoas capazes de aprender por si próprias e de refletir. A primeira grande atuação, contudo, está nas mãos daqueles que tem a criança ao seu lado desde o primeiro dia: os pais. Maiores responsáveis por uma fase determinante que não volta mais.
A receita? Talvez possa ser descoberta pelo bom observador que ama a sua criança e através de um olhar especial consiga unir suas mãos grandes ao universo daquelas mãos tão únicas e bem pequenininhas. E em busca de um primeiro passo de sucesso, sigam juntos, de mãos dadas, com quedas menos doloridas, progressos pessoais, pequenas surpresas e por que não... grandes sorrisos.
Texto revisado, publicado no periódico Literatura do Graal, número 2.
“Já existiu algum inventor que descobrisse algo, sem antes estudar minuciosamente as leis da natureza, adaptando-se a elas cuidadosamente?
Nenhum processo técnico, por exemplo, pode desenvolver-se sem que o ser humano se oriente exatamente pelas leis inamovíveis da natureza.”
Roselis von Sass, Fios do destino determinam a vida humana.
Em nosso contexto, é raro haver silêncio interno e externo. Internamente, cada um está com a mente repleta de palavras: um fluxo incessante de pensamentos, que dificultam perceber o significado essencial. Ao mesmo tempo, não abrimos espaço para ouvir: mal escutamos o que vem de fora, especialmente se não confirmarmos nossas ideias, logo pensando em como defender a própria visão. Assim, a palavra frequentemente confunde e separa, em vez de servir de ponte para uma comunicação autêntica.
"Tentar subir às alturas sem fazer pontes firmes é como ver um filme avançando sempre as partes menos importantes no anseio de se chegar ao fim. Quando se vê, no descuido do afã, perdeu-se sem querer a própria história, com suas pequenas e entretecidas ligaduras.
Uma teia de costura falha, só no alinhavo, com pontos longos e distantes que, ao menor sacolejo, se rompe inutilmente."
Caroline Derschner