"O dragão observava com a cabeça bem erguida e sem o menor movimento a aproximação do estranho. O cheiro e tudo o mais que emanava desse estranho já há muito tinha chegado até ele, tendo sido “examinado”.
Se o resultado do “exame” fosse favorável, o dragão movia seu pescoço comprido de um lado para outro, como num cumprimento, enquanto suas asas vibravam levemente.
Ao ver esses sinais, o estranho aproximava-se rapidamente do animal, passava a mão carinhosamente pelo pescoço escamoso e ofertava-lhe os doces de mel, que eram aceitos de bom grado. A união ou pacto estava então selado, perdurando geralmente por toda a vida.
Totalmente diferente era o comportamento do dragão se o “exame” fosse desfavorável para o pretendente. O animal baixava o pescoço, tocando o solo com a cabeça. Também não havia vibração em suas asas. Para o candidato à amizade do dragão, esse era um momento amargo. Fora recusado, sendo obrigado a voltar sem nada ter conseguido.
Para os seres humanos de hoje, esse relacionamento com os dragões parecerá fantasioso e improvável. Esquecem, no entanto, que naquele tempo ainda não havia medo e animosidade entre o ser humano e o animal. Ambas as espécies viviam pacificamente, lado a lado, como criaturas que possuíam direitos iguais. Os seres humanos de então ainda não roubavam dos animais suas possibilidades de existência, destruindo as florestas e sujando os rios …"
Roselis von Sass, Atlântida - Princípio e Fim da Grande Tragédia
Chá de cadeira. São muitas as situações em que sentimos que a paciência é requisitada. Aguardar uma pessoa, o resultado de um exame, o retorno sobre uma vaga de emprego, uma mudança de comportamento nossa ou de alguém próximo. A paciência pode parecer sinônimo de inércia. Mas será? Espera, inquietação, rejeição, sofrimento, aceitação, esperança… são muitas as emoções que podem sentar-se juntas nessa cadeira. Às vezes, a cadeira convida a esperar; às vezes, o convite pode ser para ousar.