"Laura abriu os olhos. Sentindo frio, estreitou mais o xale que envolvia seus ombros. Ela havia cochilado e devia ter sonhado. Dando um suspiro, fechou novamente os olhos. Talvez se lembrasse do que realmente havia acontecido… Mas não, era em vão. A vivência no sonho jamais voltaria. E, não obstante, esse sonho tinha sido algo muito especial, pois se sentia assim como se alguém tivesse colocado um bálsamo sobre suas feridas. E de onde lhe viera repentinamente o reconhecimento de que também tinha culpa? Sabia agora que o amor por seu marido tinha sido egoístico. E também de sua filha, Míriam, havia-se descuidado demais. Isto agora seria diferente. ‘A vida continua; tendo falhado, posso também remir…’
Com a esperança despertada em seu coração, levantou-se, dirigindo-se à janela. Profundamente incisiva tinha sido aquela vivência anímica que lhe fora concedida. E essa vivência transmitira-se de tal forma sobre seu corpo terreno, que não mais procurava culpados ao seu redor, e sim em si mesma, vendo seus atos assim como realmente eram.
O autorreconhecimento, cheio de arrependimento, libertou essa mulher e ao mesmo tempo a fez dar um grande passo à frente em seu desenvolvimento espiritual"
Roselis von Sass, Fios do Destino Determinam a Vida Humana