Uma pausa para trocar os sapatos

maio 01, 2023


Sibélia Zanon


“Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva. 
Ou se calça a luva e não se põe o anel, ou se põe o anel e não se calça a luva! Quem sobe nos ares não fica no chão, quem fica no chão não sobe nos ares. 
É uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo nos dois lugares!”
Cecília Meireles


Listas que morrem com o ano velho, listas que nascem no ano novo. Em todo início de ano eu gostava de fazer a lista das coisas que gostaria de realizar no ano que começava. Nunca comi lentilhas ou pulei ondas, mas sempre gostei das listas. Elas me ajudavam a organizar as expectativas, os sentimentos, os propósitos.
 Eram também
 uma forma de 
fazer um balanço do ano, 
pois na medida 
em que eu rascunhava
 escolhas para o futuro, analisava como estava o caminhar no presente e no passado.

As listas ensinam sobre as escolhas. É preciso escolher coisas para colocar na lista, é preciso abdicar de outras. É preciso vivenciar a lista ao longo do ano para entender sobre expectativa versus realidade.

Somos, aparentemente, bem intencionados a cada começo e a cada fim. Mas o que acontece no meio? Além da nobreza ou não dos objetivos listados, a forma de chegar a eles tem sido boa? Temos feito paradas estratégicas, ao longo do ano, da semana, do dia, para avaliar os caminhos percorridos?

Refletir sobre as escolhas feitas ao longo de um determinado período é uma forma de repensar o caminhar. E avaliar o caminhar permite que tomemos novas decisões, que façamos escolhas mais conscientes para os próximos passos: o caminho é pedregoso e precisamos trocar os sapatos? É possível seguir outra direção e chegar a um novo lugar?





Quando não há paradas pelo trajeto, a fim de repensar os passos, corremos o risco de seguir em frente sem olhar para o chão e tropeçamos, assim, numa pedra qualquer. Ou, ainda, arriscamos seguir em frente sem olhar o céu e, distraidamente, perdemos a referência dos pontos cardeais.
Passei os últimos anos sem fazer listas. Ainda não sei bem por quê. Talvez algumas ilusões tenham falecido. Talvez as coisas sejam mais complexas e não adianta fazer uma lista tão organizada quando a vida é tão mutante. De qualquer maneira, com ou sem listas, é preciso entender que não se pode calçar a luva e colocar o anel ao mesmo tempo. É preciso fazer escolhas, refletir sobre elas e ter, assim, a chance de se reorientar e escolher de novo. Com menos ilusões, com mais confiança.


Leia Também

Caminho individual

maio 01, 2023

Homem solitário numa ilha apontando uma lanterna para o céu

“Somente aquilo que o ser humano vivencia e sente intuitivamente com todas as mutações é que compreendeu plenamente!”

Abdruschin, Na Luz da Verdade – Mensagem do Graal
Leia Mais
Engrenagens

março 29, 2025


“Assim se engrenam também aqui, uma na outra, as rodas dos acontecimentos. Uma coisa atrai a outra para si, na mais severa consequência lógica, controlando-a simultaneamente, a fim de que não possa ocorrer a mínima irregularidade.
E assim prossegue, como num gigantesco conjunto de engrenagens. De todos os lados os dentes das rodas se engrenam com a máxima precisão, movimentando e impulsionando tudo para o desenvolvimento.


Abdruschin, Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal

Leia Mais
O construtor da pirâmide

março 25, 2025


“Enquanto o povo, no Egito, estava esperando o construtor da pirâmide, este estava esperando, muito distante, à beira de um rio, no sul da Arábia. Ira e tristeza transpareciam do seu belo rosto jovem. Suas mãos, fechadas em forma de punhos, estavam em seu colo. Ele, Pyramon, o filho do rei de Kataban, tinha sido expulso. Com desespero, já há algum tempo olhava a sua frente, comprimindo a seguir seus punhos com firmeza contra os olhos, enquanto seu corpo tremia, literalmente, em virtude da dor muda.”


Roselis von Sass, Sabá. A Grande Pirâmide Revela Seu Segredo

Leia Mais