"Alaparos levantou o olhar com um sorriso agradecido, quando Triakoh voltou com as roupas sobre o braço. Roupa branca de linho, fresca e pura… O criado notou com alegria que o espírito e o corpo do moço, novamente, vibravam em harmonia. Ajudou-o a vestir rapidamente a roupa e colocar a faixa que a prendia na cintura. Depois fixou numa das presilhas do ombro um pano de linho branco. Os habitantes de Kadinguirra cobriam a parte superior de seus corpos com esses panos brancos, inclusive a cabeça, quando os entes dos ventos levantavam, em turbilhões, a poeira dos enormes campos de cinzas do norte, carregando-as para longe. Acontecia agora, com frequência, que mesmo as correntes fracas de ventos traziam essa poeira de cinzas…
Alaparos pendurou o amuleto no pescoço e colocou os largos braceletes nos braços. O criado prendeu mais um pano branco na cabeça, com um aro simples.
Esse pano, pendendo em ambos os lados do rosto, ressaltava ainda especialmente a beleza de seu semblante bem proporcionado. Alaparos estava pronto para sair. Seu rosto tinha novamente a expressão positiva da alegria de viver. Apenas uma pessoa que o conhecesse bem perceberia que a despreocupada amabilidade havia desaparecido. Da noite para o dia ele parecia ter se tornado mais velho e mais maduro.
— Agiste comigo como um pai, disse Alaparos, colocando a mão sobre o peito de Triakoh. E como um pai deves doravante viver em meu coração.
Comovido, Triakoh acenou com a cabeça, fechando a porta silenciosamente."
Roselis von Sass, A Desconhecida Babilônia