Entre dezembro e fevereiro, a magnólia-amarela (Michelia champaca) anuncia o verão. O anúncio acontece pelo perfume, que invade o ar, e nos faz procurar flores. Onde estão? Que cor têm? O evento faz pensar em como seria uma vida sem calendário, nem relógio, orientada pela narrativa que os nossos sentidos são capazes de criar, ao acolher as pistas fornecidas pela natureza. Já foi assim um dia. Hoje temos muitos recursos, mas às vezes falta a presença, o olhar atento e a sabedoria. Quantos conhecimentos originais e enriquecedores poderíamos coletar com base nessas percepções?
“Antes de os alunos serem admitidos, eles tinham primeiramente de aprimorar a própria capacidade de observação. Precisavam, através do brilho das neblinas que pairavam sobre as águas, bem como das cores e das composições das nuvens, das correntezas do ar e ainda do comportamento dos pássaros e insetos, chegar a ponto de poderem prever as vindouras modificações climáticas. Acrescentavam-se a essas observações visuais as percepções do olfato.”
Roselis von Sass, A Desconhecida Babilônia