Não me lembro do meu primeiro passo, nem da primeira vez em que eu corri para encontrar as ondas.
Mas eu me lembro de quando andei a cavalo e senti o vento – como se cabelos e crinas fossem um só corpo.
Um corpo livre, que desconhecia o próprio peso.
Quando eu nasci, os cavalos já corriam. As marés já se moviam. A Terra já girava.
A gente cresce pensando que precisa inventar a roda, mas acho que nasci para aprender a girar junto.
Somos mais livres quando fazemos parte, escolhendo entrar no fluxo natural, que inclui o respeito e traz benefícios para o todo. Fluxo que tece reciprocidade benfazeja.
Debaixo da árvore, vejo as folhas caindo. Uma força antiga e soberana faz tudo se renovar dentro de um grande ciclo, como se tudo e todos fizéssemos parte de uma mesma dança circular.
A natureza e suas forças seguem tocando todas as vidas.
Quero me ajustar aos ventos que botam folhas, cabelos e crinas a voar pelo espaço – sem dor, sem resistência, feito música.
Cada elemento, cada um de nós exercitando a potência de um acorde.
Liberdade é morar num corpo que se entende parte de um corpo maior.
“Saber, no entanto, é humildade! Pois quem possui o verdadeiro saber nunca pode excluir a humildade. São como uma só coisa. Com o verdadeiro saber surge, concomitantemente, a humildade como algo natural. Onde não existe humildade, jamais existe, igualmente, verdadeiro saber!Humildade, porém, é liberdade! Só na humildade reside a legítima liberdade de cada espírito humano!”